Capítulo 2 - Os Cullens
# Sete Anos Depois
“Não reconhecia onde estava só
sabia que era lindo. Só se enxergava flores e árvores por todos os lados, mas
não conseguia me concentrar nisso, a única coisa que eu enxergava eram seus
olhos. Olhos vermelhos, que comprovavam mais ainda que sua vida era manchada
pelo sangue das vitimas que ele próprio provocou.
Mas ao contrario da primeira vez
que o vi, dessa vez não sentia medo, mas alivio. Como se dentro daquela
imensidão vermelha, eu finalmente tivesse encontrado o meu lugar.
Ele não aparecia pra mim, o que já
era normal em meus sonhos, ele só ficava lá, afastado, no meio da floresta, com
seus olhos piscando no meio da escuridão. Nunca falava nada, e nem eu.
Ficávamos só nos encarando, perdidos em nossos próprios pensamentos. Muitas
vezes pensei em ir lá, falar com ele, trazê-lo para luz da clareira, mas tinha
medo.
Medo de que essa ação trouxesse de
volta aquele monstro que eu conheci. O monstro que matou os meus pais.
Levantei a mão direita, em sinal de
rendição, esperando que assim, ele visse que eu não tinha medo, e finalmente
mostrasse-me a sua face, mas nada ele fez.
Fui andando lentamente em direção a
escuridão, com a palma da mão estendida para ele tocar, e o trazê-lo para mim,
mas quando sua mão fria e dura tocou a minha, tudo que aconteceu foi o ao
contrario do que eu esperava, como sempre acontecia quando eu sonhava com ele.
Seu aperto em minha mão tornou-se
dolorosa, e mesmo que eu a puxa-se, ele não a soltava, foi ai que o medo
voltou.
O grito de medo ficou preso em
minha garganta seca, e antes que ele me puxasse para a escuridão, eu
acordei...”
Minha
cabeça estava encostada no vidro do carro, meu coração batia acelerado. Uma gotícula
de suor escorria pela minha testa, provando que tudo não passou de um simples
pesadelo.
Na
radio tocava uma musica animada, o que não combinava nem um pouco com o clima.
Abri
e fechei os olhos várias vezes, torcendo pra que aquilo fosse o suficiente para
me fazer esquecer o terrível pesadelo, o mesmo pesadelo que atormentava minha
mente a mais de sete anos.
Claro
que nem sempre eu tinha a sorte de acorda antes que ele me levasse para a
escuridão, o que me fazia gritar de medo, mesmo ainda inconsciente.
Arrisquei
uma olhada para Kate que estava dirigindo o carro, percebi que ela não viu o
que tinha acabado de acontecer, o que me fez suspirar em agradecimento. O que
menos eu precisava agora era de suas preocupações.
Seu
olhar era fixo na estrada escura e pouco movimentada. Seu semblante poderia até
passar por sério, se seu sorriso não estivesse tão visível.
Mesmo
depois de todos esses anos, ainda não conseguia acreditar que ela poderia ser
minha tia, não parecíamos nada.
Kate
era a típica mulher que vários homens gostariam de ter e que as sogras
agradeceriam a Deus. Ela era linda com
os seus 1,57, loira, com um corpo escultural e olhos azuis. Seu sorriso era
belo e contagiante, mesmo nos piores momentos ele nunca saia de seu rosto. Já
eu, era a garota comum que ninguém reparava. No auge dos meus 17 anos eu era
considera por poucos aceitável e por muitos despachável. Tinha um corpo que nem
de longe pode ser considerável escultural. Era magra, mas de ruim, tinha
cabelos castanhos sem graças, que cansavam ficar olhando depois de um tempo,
meus olhos eram de uma cor de chocolate muito comum, não tinha atrativos, e a
única vez que um garoto falou comigo por mais de 30 segundos foi quando eu
tinha 13 anos, e isso porque ele achou que eu era outra garota. Em outras
palavras, nem aqui e nem na China eu poderia ser considerada parente de Kate.
Ela
era nova para ser tia de uma garota quase adulta, não tinha mais do que 27
anos, mas mesmo tão nova, já teve que passar por muita coisa, e a culpa de tudo
isso era minha.
Meus
pais morreram quando eu tinha 10 anos, no dia exato do meu aniversário. Lembrar
daquele dia ainda machucava muito, mas as coisas que agente mais quer esquecer,
são as que mais ficam gravadas na nossa consciência.
Estávamos
comemorando meu aniversário naquele dia, e a noite, como sempre fazíamos nessa
data, fomos andar pela floresta para ver as estrelas, meu pai dizia que elas
eram mais lindas vistas longe das luzes da casa, o que era verdade. Naquela
noite foi a primeira vez que minha mãe quis ir junto, se naquela época eu
soubesse o que ia acontecer, jamais teria permitido isso. Kate ficou em casa
com o namorado, afirmando que a floresta não era lugar para jovens
universitárias. Ela estava fazendo o segundo ano de direito em Harvard, e pela
primeira vez tinha trazido o famoso namorado para nós conhecermos. Eu queria
ter sido inteligente o suficiente fazer o mesmo que ela, ter ficado em casa,
não ter saído naquela noite fria, queria ter sido inteligente o suficiente para
perceber que andar na floresta a noite era perigoso. Não tínhamos estado nem 10
minutos na floresta quando ele chegou destruindo tudo. Depois de eu ter apagado
no meio da caverna, com ele me segurando, fui acorda na frente de casa, com
Kate chorando e me pegando nos braços.
Os
primeiros meses depois desse ocorrido foram os piores. Ninguém acreditava em
mim, claro quem acreditaria em uma criança de 10 anos que jura que viu seus
pais sendo mortos por um vampiro? Às vezes eu mesma achava que estava ficando
doida, que aquilo não passou de uma peça que minha consciência me pregou, mas
todas as vezes que eu lembrava daqueles olhos, logo esse pensamente se ia.
Kate
gastou quase todo o seu dinheiro me levando em psicólogos, só pra eles
comprovarem o que ela já sabia, que eu estava delirando, que não passava de uma
forma de eu liberar os meus medos. Todas as vezes que eles diziam isso, eu
pensava... “eles não sabem de nada, são
uns idiotas” E mesmo eu dizendo que era tudo verdade, não adiantava, eles
continuavam sem acreditar em mim.
E
os amigos que eu jurei ter, foram mais uns que me rejeitaram. Em pouco tempo eu
deixei de ser a menina com os pais mortos, para a menina doida e
desequilibrada. Os pais das outras crianças não deixavam que eles chegassem nem
um metro de mim, achavam que o fato de eu ser “desequilibrada” pudesse ser algo
contagioso, e por esse motivo eu me afastei de todos.
Foram
quase sete anos aguentando isso, até que Kate resolveu mudar. Estávamos nesse
exato momento indo para Forks, uma cidadezinha no interior de Washington. A cidade
era pequena e pouco conhecida, o que muito me agradava, pelo menos aqui eles
não saberiam que eu era uma doida que acreditava em vampiros.
Era
o começo da noite e estava muito frio. Kate disse que isso é normal aqui, que
ao contrario dos outros lugares, o que é raro aqui é o sol e não a chuva. Mesmo
sendo cedo, parecia que todos já estavam dormindo, por onde passávamos a única
coisa que víamos eram casas com as janelas fechadas e as luzes apagadas.
-
Será que não tem gente aqui? – perguntei quebrando o silêncio dentro do carro,
minha voz saindo um pouco rouca por ficar tanto tempo sem falar.
-
Ah você acordou! – exclamou Kate alegremente. Às vezes eu queria ter metade
dessa alegria dela, talvez assim as pessoas não evitassem ficar perto de mim – É
que aqui não é como a Flórida Bella, as pessoas dormem cedo aqui.
-
Ah... – foi à única coisa que eu respondi antes de virar a cara e encara a
noite escura.
Kate
percebendo que eu não estava a fim de falar, ficou em silêncio. Meus olhos
ficavam seguindo as árvores que passavam como borrões. Voltei a encostar minha
cabeça no vidro do carro, mas dessa vez sem fechar os olhos, estava cansada,
mais não queria ter a chance de voltar para aquele pesadelo, por isso fiquei
assim, só encarando o nada, até que chegamos.
A
casa que moraríamos era pequena, nada extravagante, comum, igual a todas as
outras casas. Ela era de madeira, e tinha um jardim onde só tinha uma flor, mas
estava morta, na frente da casa tinha uma árvore, não tão alta, molhada por
causa da chuva que provavelmente devia ter caído.
-
Acho melhor agente entrar, está frio, amanhã agente pega o restante das coisas
– falou Kate depois que eu fiquei um tempo encarando a casa. Eu só fiz concorda
com a cabeça e pegar a minha bolsa e mala onde estavam minhas roupas.
Dentro
da casa era quente e aconchegante, o ar era uma mistura de mofo e tabaco, quem
quer que morou aqui, provavelmente devia fumar muito. Logo na entrada tinha uma
escada que levava ao andar de cima, onde eu supus que ficavam os quartos e
banheiro. A sala era pequena, com um sofá grande, uma poltrona, e uma TV não
tão grande, tudo coberto por um pano branco.
A
cozinha era igualmente pequena, com uma geladeira, fogão, e uma pequena mesa de
jantar redonda, com quatro lugares. Mesmo com o cheiro de poeira e tudo
coberto, a casa parecia bem limpa, como se alguém a tivesse limpado há pouco
tempo.
-
Iai gostou? – perguntou Kate atrás de mim, depois que eu vi tudo.
-
É legal – foi só que eu respondi, parada no meio da sala – Alguém limpou a
casa?
-
Sim, pedi para um amigo chamar alguém pra limpar, sabe, pois sabia que
chegaríamos tarde – respondeu - Tivemos sorte de o antigo dono nos vender essa
casa com tudo dentro – falou sorrindo e olhando a sala – Amanhã a gente arruma
tudo – eu nada respondi, só fiquei lá, parada olhando a casa. Não era muito de
conversa, principalmente com Kate, por isso nossas conversas não passavam de
cinco frases – Você gostaria de vê seu quarto? – perguntou timidamente.
-
Tá – falei e subi as escadas.
No
andar de cima não se tinha muito que se ver. Era um corredor comum, com três
portas, e uma janela, que levava para a rua. Fui primeiro no banheiro da uma
olhada, era pequeno, com uma piazinha, um espelho e um armário para se colocar
as coisas, o Box era normal, como todos são, com um chuveiro elétrico e
azulejos de cor azul. Depois de ver o simples banheiro fui pro que seria o meu
quarto.
Sabia
qual era o meu, pois o de Kate já estava aberto, com certeza ela já estava
conferindo se tudo tava certo. Meu quarto era simples, com uma cama de casal
pequena, mas macia, as paredes eram de uma cor neutra, e tinha um guarda-roupa
de madeira. No canto esquerdo do quarto tinha uma cadeira de balanço, ela
ficava ao lado da janela, que levava para o pequeno jardim. Mais pro lado havia
uma penteadeira, onde um computador de segunda mão se encontrava. Fiquei
olhando para aquilo, não imaginava que um computador viria junto com a casa, não
que eu precisasse de um, normalmente não me dava muito bem com tecnologia.
-
Pedi pro meu amigo comprar um pra você – falou Kate atrás de mim, fazendo com
que eu pulasse por causa do susto – Desculpa – desculpou-se rindo – Então
gostou do quarto? Sabe talvez se você quiser agente pode pintar de uma cor mais
alegre, pensei de agente pintar de ros...
-
Assim tá legal – a interrompi – Não quero que mude.
-
Oh ok – falou constrangida – Bom vou deixar você sozinha, pra arrumar suas
coisas.
Quando
me vi finalmente sozinha no quarto é que me deixei levar pela tristeza. Sabia
que não tratava Kate do jeito que ela merecia, justo ela que sacrificou tudo
por mim, mas eu preferia assim, que ela se mantivesse longe de mim, pois
normalmente quando as pessoas se aproximavam de mim, nada acabava bem.
Arrumei
minhas coisas rápido, já que eu não tinha muita. O quarto estava limpo, então
só tive que me preocupar em tirar os panos brancos de cima da cama,
guarda-roupa, cadeira, e penteadeira. Depois de arrumar a cama com um lençol
limpo, peguei minha nécessaire e um
pijama, e fui pro banheiro tomar um banho.
A
água do chuveiro elétrico era quente, fazendo com que os nós do meu corpo se
desenrolassem. Deixei sair um suspiro de satisfação quando me senti relaxada.
Lavei meu corpo lentamente, tentando prolongar o máximo possível aquele
momento. Enxaguei meus cabelos compridos, me deliciando com o cheiro do meu
xampu de morango. Quando percebi que minha pele já estava ficando enrugada, sai
do chuveiro. Enxuguei meu corpo lentamente, dando uma importância especial a
cada parte dele. Quando já estava completamente seca e vestida, voltei pro
quarto. Fiquei um tempo sentada, só encarando o nada, quando Kate entrou me
perguntando se eu queria comer alguma coisa, eu respondi que não, estava
satisfeita, já que tinha comida umas coisas durante a viagem, então ela só saiu
me desejando uma boa noite, o que eu sabia que não seria.
Já
passava de uma da manhã e eu continuava acordada. Estava sentada na cadeira de
balanço, olhando pra floresta através da janela, vendo como as gotas da chuva
que caia, ficavam quando encontravam o chão lamacento, como as folhas das árvores
se mexiam com o vento forte. E olhando isso, foi impossível não voltar no
tempo, e me imaginar no meio daquela floresta escura com o predador pronto pra
me matar.
Agradecia
mentalmente pela chuva ser forte, e fazer um barulho irritante no telhado da casa,
assim pelo menos eu sei que assim eu não dormiria e não me entregaria aos
pesadelos de novo.
Quando
já era quase duas horas, me deitei na cama, esperando o sono vim, o que demorou
mais do que eu esperava. O barulho da chuva que antes me fora tão bom, agora eu
queria mais que se cessasse. Nem o travesseiro contra a minha cabeça foi capaz
de abafá-lo.
Finalmente
às três e meia da manhã a chuva ficou mais calma, transformando-se não mais que
um chuvisco e eu finalmente pude dormi, agradecida por estar tão cansada, e não
poder sonhar.
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Acordei
com um pouco de dor de cabeça no outro dia, pelo fato de ter ido dormi tão
tarde. O dia estava frio, por conta da chuva da noite anterior, por isso passei
o dia dentro de casa, ajudando Kate arrumar tudo.
Não
foi tão trabalhoso, já que tava tudo limpo, só foi chato na hora de colocar as
coisas pessoais nas estantes e criados mudos. Na metade do dia, toda a casa já
estava arrumada, só faltavam os quartos, onde arrumaríamos sozinhas.
Como
já tinha arrumado um pouco na noite anterior, acabei rápido. Kate que demorou
mais, pelo fato de ter mais coisas que eu.
À
noite nós duas estávamos cansadas, pelo dia de trabalho. Só comemos uma pizza
que pedimos e fomos dormi.
Nesse
dia demorei dormi não por não querer sonhar, mas sim por não conseguir. Estava
nervosa demais para amanhã. Seria o meu primeiro dia de aula. Tudo o que eu
precisava.
Estava
com medo de tudo dá errado, de que algum jeito eles descobrissem quem eu sou, e
ai, tudo começar de novo. Kate dizia que as pessoas só se afastavam de mim
porque eu deixava, pois se eu quisesse, teria uma multidão de amigos. Mas era
ai que ela se enganava, eu não afastava as pessoas porque queria, mas porque
era preciso.
Quando
as pessoas se aproximam das outras, elas querem se sentir bem, protegidas, e o
que menos as pessoas sentem comigo é proteção. Talvez se elas não descobrirem
quem eu sou, elas não sintam tanto medo assim.
E
foi com esse pensamento, de que talvez as coisas dessem certas, que eu caí na
inconsciência, de novo sem sonhos.
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Acordei
não era nem seis da manhã. Poderia voltar a dormi, mas sabia que não
conseguiria, o nervosismo da noite anterior voltou com tudo, me fazendo sentir
aquele frio na barriga tão conhecido.
Levantei-me
sem vontade da cama e me dirigir ao banheiro. Tomei banho lentamente, pois
ainda tinha muito tempo. Quando me senti relaxada, sai do chuveiro e fui me
vestir.
Não
era daquelas garotas que se preocupa com que usar, normalmente usava o que me
deixava confortável, sem me importa se combinava ou não. Por isso optei por uma
calça jeans normal, com uma lavagem escura, uma blusa de manga comprida preta,
um pouco colada em meu corpo, uma jaqueta de moletom branca e um tênis. Meu
cabelo não se tinha muito que se fazer. Deixá-lo solto não era uma ideia a se
cogitar, por isso só amarrei em um rabo de cavalo frouxo.
Quando
desci já era seis e meia, Kate já estava acordada, fazendo o seu café. Não
sentia fome de manhã, então comia só uma tigela de cereal.
-
Bom dia – falou Kate quando entrei na cozinha.
-
Bom dia – respondi sem animo, pegando uma tigela, o cereal e o leite, e me
sentando.
-
Animada para o primeiro dia de aula? – perguntou sorrindo alegremente.
-
Com certeza – falei encarando meu cereal séria.
-
Você quer que eu te leve? – perguntou sem tanto animo agora.
-
Não precisa, eu vou a pé – falei dando uma ultima colherada no cereal e
levantando.
-
Já vai?
-
Já, não sei se essa escola é muito longe, é melhor eu ir agora – falei pegando
minha mochila que estava ao pé da escada e indo em direção a porta, mas antes
que eu a abra me viro para Kate – Boa sorte no trabalho.
Sai
de lá sem esperar resposta. Kate trabalharia em um escritório de advocacia
daqui. Apesar de ter largado a faculdade no segundo ano, ela sabia de algumas
coisas, por isso trabalharia de secretária.
Parei
no meio da rua, tentando lembrar em que direção ir. Na noite anterior tinha
olhado um mapa da cidade pra me situar, pois sabia que teria que ir andando.
Logo que dei o primeiro passo para a direita, lembrei que a direção certa é à
esquerda, então dei meia volta, e fui pra direção certa.
Forks
High School era a única escola de Forks, pelo menos quando eu a pesquisei ainda
era. Pelo tamanho da cidade, deduzi que a escola não era muito grande, o que se
confirmou no momento em que a vi.
Dá
minha nova casa até a escola era exatamente 3klm. 3klm que inacreditavelmente
eu consegui andar em 20 minutos. Cheguei cansada, mas inteira.
A
escola era toda feita de tijolos, e bem em cima, logo na entrada, havia uma
grande placa dizendo Forks High School, foi só por esse motivo que eu a
reconheci, pois a escola não parecia nada como uma instituição.
Como
eu havia previsto, eu era o assunto da escola. Ainda estava no estacionamento,
mas todos já olhavam pra mim. Pela primeira vez, desejei ser invisível.
Dentro
da escola era mais quente do que eu esperava. E como lá fora, todos aqui dentro
me encaravam. Fui até um grande mapa que tinha na entrada, procurando a
secretaria, que vi com alegria, que não era muito longe.
Rapidamente
cheguei à secretaria, a qual eu entrei de imediato. Lá dentro não era tão
diferente quanto lá fora, a diferença era que aqui dentro tinha um balcão, onde
atrás se encontrava duas mulheres, uma encostada no balcão e outra mexendo no
computador, e não estava tão apinhada de gente.
-
Em que posso ajudá-la? – perguntou a moça que estava atrás do balcão.
-
Eu sou Isabella Swan – respondi timidamente.
-
Ah claro – falou me olhando de olhos arregalados e com ar de surpresa.
Que
maravilha! Além de eu ser o assunto da escola, também era esperada, não que
isso me surpreendesse, numa cidade pequena como essa, era normal que as coisas
novas fossem tão aguardadas, principalmente eu, a garota desengonçada da cidade
grande.
-
Seus horários são esses daqui e também há um mapa da escola – falou me
mostrando várias folhas.
Ela
me indicou as minhas salas de aula, mostrando a melhor rota a se seguir e
depois me entregou uma caderneta que cada professor deveria assinar, e que era
pra eu vim devolver no final do dia.
Despedi-me
com ela me desejando boa sorte, uma coisa que eu sabia que não teria.
Esperava
não ter que ficar por ai andando com o mapa no meio da minha cara, por isso
antes de sair da secretaria, tentei memorizar tudo.
Minha
primeira aula era de inglês, uma das poucas matérias que eu gostava. Fui em
direção a minha sala, seguida por milhões de olhos curiosos. Quando entrei
nela, quase todas as pessoas pararam de falar e ficaram me encarando. Com
certeza essa não é a melhor forma de encorajar a nova aluna, pensei.
Entreguei
a caderneta pro professor, que na mesa havia uma placa identificando-o como
“Sr.Masen”. Ele felizmente não me mandou apresentar-me, simplesmente me deu o
livro, que eu supus que era o que estavam lendo, e me mando sentar numa cadeira
lá no fundo.
Imaginava
que lá do fundo ninguém fosse conseguir me encarar, mas de algum modo, eles
conseguiram essa proeza. Fiquei o tempo todo com a cabeça abaixada, com os meus
olhos fixos em Razão e Sensibilidade de Jane Austin, já lera o livro, diria que
era um dos meus preferidos dela, por isso não me dei ao trabalho de aprestar
tanta atenção assim na leitura.
Finalmente
a campa tocou, avisando que o primeiro horário tinha acabado. Suspirei quando
isso aconteceu, não aguentava mais os olhares dos outros, mesmo sabendo que lá
fora seria pior.
Quando
eu estava pra levantar da cadeira, alguém, muito corajoso devo acrescentar veio
falar comigo.
-
Oi, você é Isabella Swan né? – falou uma menina de cabelo arrepiado castanho,
um pouco baixinha e com um sorriso gentil.
-
Bella – corrigi timidamente.
-
Ah eu sou Jéssica – estendeu a mão pra mim, a qual eu peguei – Qual é a sua
próxima aula?
-
Humm... Trigonometria.
-
Ah perfeito! Essa é minha aula também, vem – falou não me dando tempo de
responder e puxando minha mão para fora da sala. Por onde passávamos atraiamos
olhares dos outros. A tal garota, que eu não lembro o nome e que ainda estava
puxando minha mão, falava sem parar. Eu simplesmente balançava a cabeça, quando
ela parecia querer minha opinião.
E
assim passou o dia. Sempre aparecia alguém corajoso e falava comigo. Fiquei
feliz com isso, pelo menos aqui, eles me travam bem, como se quisessem mesmo
ser meus amigos.
Na
hora do intervalo, a garota que eu lembrei si chamar Jéssica, me levou pra
lanchar na mesa deles, a qual estava abarrotada de gente. Ela me apresentou
todos, e quanto mais ela ia falando os nomes mais eu ia esquecendo-os.
E
sentada ali, no meio de todas aquelas pessoas que eu não lembrava o nome, e com
várias outras pessoas me encarando, que eu os vi, as pessoas mais lindas que eu
já tinha visto. Eles tinham acabado de entrar no refeitório, eram seis, três
meninos e duas meninas. A beleza deles era deslumbrante, principalmente os
homens, fazia Brad Pitt e Jorge Clune não serem nada.
A
primeira a chegar à mesa foi uma baixinha de cabelos repicados e curtos, seu
andar era como de uma fada, delicado e tranqüilo. Os outros logo sentaram ao
seu lado.
A
próxima menina era totalmente diferente da outra, tinha cabelos loiros, alta e
com ar de autoridade. Era sem duvida a mulher mais linda que eu já tinha visto.
Já os homens eram lindos, claro, tinha um grandão, de cabelos um pouco
cacheados e com covinhas, o outro era um pouco menos musculoso, com cabelos cor
de mel e com cara séria, já o ultimo era sem sombra de duvidas o mais lindo de
todos, tinha cabelos desgrenhados e com uma cor um tanto estranha, ficava entre
o bronze e mel, era musculoso, não tanto quanto o grandão, mas mesmo assim
forte. Mas não foi isso que chamou minha atenção neles, todos eram lindos, tava
na cara, mais nenhum se parecia com o outro e ao mesmo tempo se pareciam, todos
eram brancos, não brancos como eu, mas mais brancos, quase translúcidos, todos tinham
olhos negros como carvão e olheiras profundas debaixo dos olhos, e de uma
maneira estranha, eu sentia que já os conhecia, pelo menos um deles.
-
Vejo que já se encantou pelos Cullens – sussurrou Jéssica ao meu lado.
-
Cullens? – perguntei me virando constrangida. Nem tinha percebido que estava
encarando-os.
-
Os filhos do Sr. e Sra. Cullen, são lindos não? – perguntou sorrindo.
-
É! – concordei – Eles sempre moraram aqui?
-
Não! Mudaram-se ao uns três anos, se não me engano vindo do Alasca – explicou
enquanto comia um pouco de salada e me olhava interrogativamente – Você gostou
de um deles?... Digo, dos garotos?
-
Oh não – falei corando terrivelmente – Que... Que isso... Não – gaguejei
tamanho foi o meu constrangimento.
-
Ei não precisa ficar assim – riu do meu comportamento – Eu só perguntei para te
avisar... Os Cullens não namoram.
-
Não?
-
Não, bom não com gente como nós! Todos estão juntos sabe?
-
Humm na verdade não.
-
Ok deixa eu te explicar, os Cullens são filhos adotivos do Sr. e da Sra.
Cullen, ah e você precisa ver o Sr. Cullen, é simplesmente um Deus grego ui...
– falou se abanando – Mas continuando, eles são filhos adotivos, por isso que
eu acho que não há problemas de eles estarem juntos...
-
Com juntos você quer dizer namorando?
-
Exato! – exclamou sorrindo e me puxando mais pra perto de si, e falando baixo –
O grandão que parece um mamute é o Emmett Cullen, ele namora a loira de nariz
empinado Rosalie, a baixinha de cabelo repicado é a Alice e ela namora o
Jasper, o garoto que parece que levou o soco no estomago e nunca se recuperou –
terminou de falar rindo, provavelmente de seus comentários inoportunos sobre a
tal família Cullen.
-
E o outro? De cabelo bagunçado? – perguntei e foi impossível não virar a cara
para olhá-lo, mas para o meu total constrangimento ele também me olhava, nos
poucos segundos que meu olhar se conectou com o seu, pude perceber que ele
parecia com raiva, curioso e acima de tudo frustrado.
-
Aquele é Edward Cullen... – explicou rindo por causa do meu rosto vermelho –
Ele é com certeza o cara mais gato dessa escola, mas vai por mim, não perca seu
tempo, ele é como os outros, a única diferença que não é comprometido.
-
Eu... Isso nem passou pela minha cabeça – falei olhando pra baixo constrangida.
E
assim passou à hora do intervalo. Jéssica pareceu esquecer o assunto Cullen,
quando um garoto loiro e com cara de bebê sentou ao seu lado. Eu de vez em
quando olhava para a mesa dos Cullens, mas toda vez que olhava, o tal de Edward
estava me encarando, seu olhar era mais difícil de ignorar do que dos outros.
Fiquei feliz quando a campa tocou.
Minha
próxima aula era de biologia, e o tal menino loiro que Jéssica estava
conversando se propôs a me acompanhar até lá, já que essa também era sua aula.
Quando
entrei na sala fiquei estática com que vi, Edward Cullen estava sentando a umas
cadeiras mais afastadas, sozinho, com a cabeça baixa, o lugar ao seu lado era o
único que estava vago. Não sei por que, mas quando percebi isso, meu coração
acelerou e minha respiração ficou irregular. Mas o que está acontecendo comigo? Pensei. Apresentei-me ao
professor e lhe entreguei a caderneta, ele graças a Deus só me entregou o
material e me mando sentar no meu lugar, que era ao lado de Edward. Não sei se
aquilo foi bom ou ruim, mas meu coração que antes estava acelerado, agora
parecia uma escola de samba.
Sentei-me
ao seu lado, tentando fazer a minha melhor cara de educada, mas ele parecia não
está muito afim, pois no momento em que sentei, ele pareceu ficar tenso. Sua
cadeira que antes só estava um pouquinho afastado, agora faltava está do outro
lado da sala. Ele não foi como as outras pessoas da escola. Não foi gentil,
muito menos educado. Seu olhar em mim era de repulsa, uma mistura de ódio e
frustração. Abaixei a cabeça quando reparei nisso. Deus por que ele olhava assim pra mim? O que eu tinha feito? Essas
e outras perguntas giravam em minha mente. Já tinha ouvido falar de amor a
primeira vista, mas em ódio! Como ele poderia me odiar se só tinha me visto
agora? E o pior não era esse repentino ódio dele por mim, mas o fato de eu ter
a sensação de conhecê-lo, o que era um absurdo, pois hoje foi a primeira vez
que eu o vi.
E
assim passou aquele horário, com ele mandando-me olhares homicidas e eu
tentando a todo custo ignorá-lo, o que era mais difícil do que imaginei, pois
mesmo com seus olhares, meu coração não desacelerou nenhum momento, minhas mãos
suavam e absurdamente meu rosto estava muito quente. O que ele estava fazendo comigo?
Suspirei
aliviada quando a campa tocou anunciando o fim do dia. Quando eu tinha dado o
primeiro suspiro, ele já estava fora da sala, andando de uma maneira que me
pareceu impossível. Tentei controlar a vontade de chorar que me bateu no
momento, pois de forma bizarra, quando ficava com raiva o que eu mais gostava
de fazer era chorar. Arrumei rapidamente meu material e sai apressada da sala,
correndo pro banheiro, lá entrei em uma das cabines e me tranquei, deixando que
uma lágrima rolasse. Mas que droga! O que
está havendo comigo? Desde quando eu fui de chorar por homem? E pra piorar!
Chorar por alguém que eu nem conheço? Mas também o que eu poderia fazer? Ele
foi tão mesquinho e metido, parecia que tinha nojo de mim, sendo que ele nem me
conhecia. Ou será que conhecia? Ai meu Deus! Será que ele poderia me conhecer?
Saber do meu passado? Mas isso era impossível, eu cheguei não faz nem dois dias,
é impossível ele saber de algo. É! Com certeza não é nada relacionada a mim,
ele deve ter algum problema mesmo, algo deve ter ocorrido antes de eu chegar
pra ele ficar daquele jeito.
E
com esse pensamento enxuguei os últimos vestígios de lágrimas do meu rosto e
destranquei a porta, ou melhor, dizendo tentei, pois a porta não abria, mesmo
eu puxando, ou até mesmo empurrando ela não abria.
-
Ah não... – gemi em desgosto tentando abrir a porta, tentando a todo custo não
me deixar levar pelo desespero, pois infelizmente eu era claustrofóbica, e não
conseguia nem me imaginar ficar trancada em algum lugar – Ok Bella respira... –
falei pra mim mesma, tentando me concentrar – Isso já aconteceu antes lembra? E
você não ficou desesperada – claro que eu não fiquei desesperada, naquele dia
eu estava mais preocupada com o assassino lá fora do que com o meu problema de
lugar fechado – Socorro! – gritei batendo a porta – Socorro! – gritei de novo
tentando controlar minha respiração, o que não estava funcionando – Tem alguém
ai? Socorro! – gritei chorando e segurando meu pescoço, como se aquilo fosse me
ajudar a respirar melhor – Socorro – sussurrei caindo de joelhos no azulejo
frio – Por favor... – sussurrei mais uma vez, me controlando para não fechar os
olhos, foi quando senti alguém abrindo a porta com força e me puxando pra fora
de forma brusca e me colocando de volta no chão, com o corpo apoiado na parede.
Foi
um choque quando senti sua mão toca em minha pele. Ela era fria e dura, e só
uma vez eu senti isso. Levantei minha cabeça, encarando de olhos arregalados a
meu “salvador”.
-
Você... – sussurrei ainda com um pouco de falta de ar.
-
Shiii – sussurrou Edward Cullen passando sua mão fria pelo meu rosto, como se
fosse para me acalmar – Você vai ficar bem.
Continuou
falando palavras de conforto, passando a mão pelo meu rosto e cabelo, e foi
impossível não fechar os olhos, me deliciando com o seu toque. Não sabia se era
pelo efeito do meu quase desmaio ou pela suas palavras, mas de uma maneira
estranha, me senti mais calma com Edward perto de mim, como se nada de ruim
fosse me acontecer.
Quando
abri os olhos me deparei com ele me encarando. Seus olhos eram de um negro tão
profundo que até me assustava um pouco. Sua boca estava entreaberta, seus olhos
fixos em meus lábios, já os meus olhos não conseguiam desviar da sua imensidão
negra. E de novo aquela sensação de que eu o conhecia de algum lugar veio com
tudo. Mas eu sei que era impossível eu o
conhecer, eu me lembraria de alguém tão lindo. E sem que eu conseguisse me controlar,
sussurrei...
-
Eu conheço você de algum lugar.
Quando
eu disse isso seus lindos olhos pretos se arregalaram, e do fundo de seu peito
saiu um grunhido tão feroz que me fez tremer de medo. Minha respiração ficou
presa na garganta quando ele bateu com força a parede atrás de nós e saiu tão
rápido, que se não o tivesse sentindo tocar minha pele, juraria que ele não
esteve aqui. Arfei quando virei o rosto e vi a marca que sua mão deixou na
parede. Ele tinha quebrado o azulejo.
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