18 de abril de 2013

Capítulo 1 - Prólogo (Seu Olhar - Primeira Temporada)



Capítulo 1 - Prólogo


Eu não sei como descrever o que sentia nesse exato momento, poderia dizer medo, angústia, raiva, mas nenhum desses era o suficiente.

As lágrimas rolavam por o meu rosto de criança livremente, soluços eram tentados ser abafados por minhas mãos pequenas, e o medo em meus olhos era visível.

A chuva era forte lá fora, a caverna em que eu estava só fazia com que eu sentisse mais frio. Sabia que não poderia ficar aqui dentro pra sempre, mas o instinto de sobrevivência era maior, fazendo com que minhas pernas não me obedecessem, fazendo com que eu continuasse parada no mesmo lugar.

As imagens do predador voltaram com força em minha mente. Aqueles olhos vermelhos, a boca entre aberta por onde escorria o sangue das vitimas que ele tinha acabado de fazer. Nos seus braços encontrava-se o corpo sem vida de minha mãe, e aos seus pés, o de meu pai. A noite escura fazia com que seu rosto ficasse mais sombrio. Em seus olhos não se encontrava culpa, só prazer e satisfação.

Quando ele jogou o corpo da minha mãe no chão, foi que eu saí do transe. Sabia que com as minhas pernas curtas de criança não conseguiria ir muito longe, mas tinha que fazer alguma coisa, foi aí que o instinto de sobrevivência veio de novo com tudo, e eu saí correndo por entre a floresta escura e molhada.

A cada passo que eu dava mais lágrimas escorriam pelo meu rosto. Tentava a todo custo não pensar na imagem que tinha presenciado há um minuto.

Caí várias vezes, fazendo com que um rastro de sangue ficasse por onde eu passasse. Minhas pernas pequenas não aguentavam mais, meu peito subia e descia num ritmo acelerado, o suor que escorria de minha pele se misturava com a chuva que molhava minha roupa.

Quando ouvi um barulho lá fora que fui recuperar a consciência. Meu coração voltou a bater mais rápido do que eu imaginei ser possível. Minha audição pareceu se intensificar, me ajudando a ouvir o que quer que fosse, foi nessa hora que ele apareceu.

O escuro fazia com que eu não conseguisse ver o seu rosto, e sinceramente eu não queria. Se saísse viva daqui (o que era pouco provável) o que eu menos queria era lembrar-me de seu rosto doentio e cruel. As únicas coisas que eu enxergava eram seus olhos (que inacreditavelmente pareciam mais vermelhos ainda) e sua boca, que continuava manchada de sangue.

Deu passos pequenos em minha direção, como se quisesse me testar, descobrir se eu gritaria ou não.
Quando suas mãos frias e geladas tocaram em minha pele macia e delicada foi impossível não gritar, mesmo sabendo que de nada adiantaria.

A última coisa de que me lembro foi seu aperto ficando mais forte e eu sendo tirada do chão, depois tudo que restou foi à escuridão.

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